4/21/2010

Wonderland 2010



por Caíque Santos

O filme de Tim Burton baseia-se na história original mas apenas no uso de alguns personagens e cenas descoladas do desenho de 1951 e algumas vezes aplicadas em um contexto totalmente diferente. Pra quem for fã do desenho original, com todas as viagens psicodélicas, texto envolvente e criativo vai sentir uma certa decepção. O interessante é que o desenho de Walt Disney é evidentemente direcionado a um público adulto, com críticas sociais e políticas da época, alusão aos efeitos provocados pelo ácido lisérgico e até com cenas que são vistas por aguns como reflexo do envolvimeto do autor do livro com pedofilia (comentarei detalhadamente este "desenho" futuramente).

Mas o filme vale a pena ser visto sim, a plástica beira a perfeição com o estilo "dark" de Burton mesclando como só ele sabe fazer, seus personagens de olheiras, céus sombrios e muito colorido.

A rainha má protagonizada pela esposa de Tim Burton é uma atração a parte rendendo grandes momentos do filme, como na cena onde ela reúne seus asseclas para investigar quem comeu sua torta. Diferente do roteiro original, os irmãos TweedleDee e TweedleDum, ganham no filme importãncia e são protagonistas.

O Chapeleiro Maluco, feito por Jonny Deep, parece desenvolver com Alice uma relação platônica, algo possível uma vez que Alice já é quase adulta e não mais uma criança, como na versão original. Tendo em vista que grande parte das cenas foram feitas em estúdio com fundo azul para cromakey, a atuação de Deep é muito boa, ainda que ao encaminhar para o clímax, o Chapeleiro começa a ficar mais sóbrio e perde um pouco do seu encanto que é justamente ser maluco, algo que Jonny sabe fazer muito bem. Ah, vale a pena aguardar a tão falada dança, que o Chapeleiro promete fazer no "Dia Colossal".

O filme, apesar de uma ou outra cena em que foge dos padrões comerciais, é claramente feito com a intenção de render altas bilheterias, seguindo a básica fórmula hollywoodiana, com direito a uma enfadonha guerrinha ao estilo "Senhor dos Anéis", momento que você, se tiver no cinema, pode tranquilamente ir comprar pipoca.

Não tem como não comparar com a versão original, embora ao final entendamos que o filme de Burton é sobre a volta de Alice ao País das Maravilhas e sendo assim, não deveria mesmo ser comparado com o enredo de Charles Lutwidge Dodgson.

Pra quem procura ver além do óbvio, o filme parece abordar a temática "aborrecência", sobre os traumas e "dragões" que as meninas enfrentam na passagem da infãncia para a adolescência, sendo tratadas como meninas quando querem ser reconhecidas como adultas e adultas quando querem ser meninas. Não posso resistir a dizer que até mesmo neste aspecto, o desenho tambem é muito superior.

Wonderland de Burton é pra assistir, já o desenho de 1951 é pra analisar.

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