8/02/2010

Sobre amizades e cabelos brancos

Sempre perco a vontade de escrever na hora H. Penso que o que pensei não vale a pena ser escrito. Esse é meu maior problema com a escrita. Além de não saber ao certo qual a hora correta de por ponto de continuação e por ponto final. No entanto ler Saramago me ajudou a não me preocupar tanto com essas regras, ainda mais aqui que onde eu apenas exercito minha capacidade de transformar em símbolos gráficos meus pensamentos, a maioria bem banais.

Dentro tantos, me questiono muito o valor das coisas. A começar das amizades. Elas sempre são valiosas mas poucas eternas. Algumas serão, e talvez aquelas, ou aquela da qual menos esperávamos alguma coisa. Isso porque amizade é cumplicidade, afinidade, a balançada de cabeça de reprovação, dividir aquela opinião, falar daquele filme que vimos, da nova banda que descobrimos ou mesmo... ou mesmo nada, não falar nada, apenas saber que poderemos contar com o "mano" quando precisar, mesmo que ele não diga isso nunca.

Cada dia respeito mais o movimento de translação que determina certas amizades. Amizades podem ser como música, temos nossas preferidas, mas porque não, conhecer outros rítmos, e vez por outra ouvir os flashbacks? O pior é quando voltamos a "ouvir" o som de antigas amizades e nos perguntamos, "como eu pude gostar dessa coisa?", mas depois rimos de forma saudosa e recordamos de como foi bom conhecer aquele "disco" na época, mesmo que hoje nos pareça um som datado e sem o devido conteúdo que nossa idade requer.

E por incrível que pareça (pra mim mesmo), meu medo e ojeriza de envelhecer parece atenuado junto com o tempo, que a cada dia me parece mais curto. É interessante que o peso da idade seja pela quantidade de conhecimentos e sabedoria que acumulamos. Ocupam tanto a cabeça que os cabelos caem ou ficam brancos, alguns tem tanta experiência que andam curvados, outros deixam de se locomover para morarem dentro de si e assistirem atônitos, maravilhados ou risonhos a vida passando.

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